(Adyr Pacheco)
(Poema publicado na II antologia / Grupo de Poetas Livres - ano 2000)
Filho, filho meu,
Que fazes dos sonhos teus?...
Perambulas como sombra,
Como sombra te escondes
Nos escombros de teus atos,
Atos mortos, obscuros absortos,
Sem canto nem encanto
Entretanto sem ponto?
Filho, filho meu.
Onde encontram-se os sonhos teus?...
Pelas ruas, sem luas, escuras,
Escuras ruas,
Fugindo ao próprio Deus.
Pisando na sorte,
História sem corte, sem norte,
Esquecido da vida sentida,
Vivida, tão surda tão muda doída,
Abrindo feridas pensando ser forte?
Filho, filho meu,
Arranque do coração teu...
Os comportamentos tão lentos, violentos,
Na arrogante e constante pirraça sem graça,
No desafio fraco, sombrio, sem brio,
Afônicos, irônicos nos pensamentos teus,
Criando em momentos, tormentos cruentos,
Levando todos ao inferno de Orfeu.
Filho, filho meu,
Organiza os pensamentos teus...
Na lembrança, a esperança da bonança,
Da criança que um dia tu viveste,
Sentindo, caindo, pedindo
Auxílio aos pais teus,
Que nas lutas tão brutas, tão curtas,
Amparam-se ao grande Deus.
Filho, filho meu,
Onde estão as crenças tuas?...
Tão nuas, tão cruas, tão só tuas?...
Onde tudo se perdeu?...
Onde o desejo ardente,
Ciente, da mente decente,
Das horas contentes, luzentes,
O que aconteceu?
Pra que as horas tão tortas, tão mortas ?
Pra que filho meu ?...
(Tabatinga, AM 02/ 11/ 97 - 05:50)